quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Ode ao viajante




A homem, que antes era motivo de deboche
Quando muito jovem, eu pensava poder lhe conhecer
Grande homem que um dia saiu de uma vida
Pra se fazer em outra, pintada com as cores de seu próprio ser
Que se ausentou anos, tantos, que quando retornou
Ali não podia mais viver
Não lhe acompanharam lá
Te julgaram de cá
Estás no meio
Enfim, alcançaste a virtude
És humano, vês o martírio dos que ficam e nada fazem acontecer
Conhece a esperança dos que partem, sem saber a sorte que vão ter
Tu que foi, que voltou, que tantas vezes teve que renascer
Tu que és jovem tamanho a experiência, tu que és simples, quieto
Tão sábio, como os que não cansam de aprender
Bom te saber!

terça-feira, 20 de setembro de 2016

O Pensamento do Herói



Eu prefiro ser tido como "bobo da corte", "iludido", "a toa", por ainda hoje dar luz as minhas paixões.
Maldito mundo onde se aprecia o mascarado, o falso mistério, ao invés da transcendência de ter experimentado algo vindo do coração.
Pessoas assistem meu espetáculo abrindo o vidro do carro enquanto eu, não temendo febre, danço na chuva distraindo a multidão.
No fim desse espetáculo sei que corro o risco de terminar cansado, e ter por prêmio apenas alguns aplausos e algo que remoeram e aquietaram no íntimo, mas mesmo assim prefiro ter vivido por uma genuína comunicação, do que por anos e anos de metades distraídas no conformismo do que não vivi, por optar em adjetivar tantos equívocos, tais como as palavras "forte", "frio", "frágil", "pé no chão", para justificar o verdadeiro sentimento em questão, o medo.

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Consumo

Me encontrei como uma xícara de chá vazia e empoeirada pelo tempo
Acho que não me adequei direito a vida moderna
Definitivamente não gosto de ostentar
Não gosto de pertencer, apenas sou
Mas gosto de afeto, de outras pessoas
Como então buscá-las batendo a sua porta, pedindo uma xícara de chá?
E fugir disso que já me consumiu mais não é orgânico... como, por exemplo, não ter mais telefones salvos na agenda do celular porque já falamos via WhatsApp?
É a modernidade sugada pela modernidade, pela comodidade, pela inutilidade
Eu sempre fui medroso, sempre fui...
Preciso de ninho, de cachorro no quintal, mas a anos que vivo sem nada disso
A xícara vazia que achei empoeirada no fundo do velho armário da vida que tive que abandonar, hoje recebeu novo liquido, de água, sal, que escorreu dos meus olhos e transbordou a cor de sua superfície
Límpida, transparente, amarela, preta
e nunca tão vazia.