quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Lapa


 
 
 

Salsa e samba
Toda noite é bamba
A moça de saia rodada vem lá do estrangeiro
O sambista é pedreiro, seu pai foi bicheiro, abençoado em terreiro, do Rio de Janeiro
Sorriso no dente, cerveja presente, calor tão ardente
Tudo se mistura, da cor a textura
Dos arcos tão claros, a escada obscura
Malandro? Presente
Mulata? Envolvente
Turista? Residente
Mendigo? Fome aparente
Transex? Tanto cliente
E sambam na noite inteira, que evapora sob a leseira
Que contem os estragos na segunda feira, cheiro de urina sobe a ladeira
Ninguém se olha, nem se mapeia
É samba e feira

sábado, 18 de janeiro de 2014

Demais



Festa-se demais
Cada vez que se tira o extrato do cartão
Cada vez  que os planos nunca começam por falta de motivação
Bebe-se demais
Quando se pensa no preço do pão
Na fila do médico, em uns aos outros tão incapazes de estabelecer uma  relação
Foge-se demais
Para disfarçadamente viver em paz
Boia-se no profundo mar ignorando o tubarão
Compra-se demais, mata-se tempo demais, sai em fotos demais
Sorrisos demais, desconhecidos demais, cascas demais
E a alma sofre mais, e o corpo padece mais
Distancia-se de si cada vez mais