sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Suco de Maracujá

 


Pedi suco de maracujá
Com dois dedos de gelo batido pra me acalentar
Gelo que bate no vidro como o sangue no meu peito a bombar

Bebi suco de maracujá
Para no seu sugo amarelo me tranquilizar
Desse meu corpo dourado, bronzeado, pelo veraneio que habita minha mente solar

Mais suco de maracujá
Só pelo gostinho da fruta
Azeda, suave, Aruba!!!

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Resenha sobre liberdade



 

A liberdade me pôs pra fora de casa várias vezes, e eu a amava tanto que não percebia que dessa forma ela não estava me traindo, e sim me convidando a ser parte dela. Liberdade não tem casa, não é relacionamento seguro.

A liberdade te trai quando é traída por você
Te machuca quando você não acredita nela
É uma relação que te exige fidelidade mas tem muitos amantes
Suas concretudes fixas, irredutiveis, são a parte que você dividiu em dois nessa tragetória, que poupou dessa relação obssessiva, porém ela nunca te cobrou qualquer materialidade, apenas sua alma livre leve e solta.

A verdadeira liberdade está num pássaro que já não lembra seu ponto de partida e nem quer saber o que vai acontecer.

Os viajantes por vocação são amantes do ser livre, pois sabem que para ter felicidade numa estrada basta apenas levar os pensamentos mais leves e deixar em casa as chaves do coração.

Assombrado



No escuro do meu quarto em meio a madrugada
O frio que faz e o barulho de chuva caindo sobre tudo
Me dá um medo
Um vazio que me põe pequeno
Oh, que tolo eu
Me vem a imagem de saudade...
... de um filme de época qualquer cuja uma mãe medieval está abraçada a seu filho,
ele embaixo de sua asa protegido aquele tempo lá de fora que me aflige agora;
negro e molhado, e sofrem por alguma despedida qualquer.
Não menos que ela...
...tomado por uma nostalgia de algum lugar do passado que  tivesse uma sopa quente esperando por mim, seco e lumiado, com alguém responsável por mim, de laços e união sem fim...sonho.
Mas nessa vida aventureira me aconchego em cobertores emprestados
Pobre de mim
Já dei tudo o que tinha mas não dei a mim
Um poema inacabado, sinto-me assim

sábado, 5 de julho de 2014

Do são num bar



Que tantos assuntos perduram a mesa de um bar?
De quanta coragem a bebida pode nos eventualizar?
Qual é a energia que bafeja no ar?
Quais pensamentos insistem afogar, pra na embriaguez, ao meio libertar?
 
 
 

Labirinto



Ah, como suportei minha solidão
Como sedi aos meus pensamentos
Eles me controlando sem eu planejar
 
Como planejei situações
Vivi
Sem na pele estar
 
Como derramei tantas angustias
A mesa de um bar
 
Como briguei comigo mesmo
Pra poder concretizar
Não só sonhar

terça-feira, 24 de junho de 2014

Casa emprestada




Não me sinto bem se vejo janela fechada
Mobilia empoeirada
Casa de alma adoentada

Me confunde desorganização
Energias desperdiçadas no porão
Resquícios de uma vida sem evolução

Me sufuca a frieza da nova construção
Fonte artificial,  apartamento ao tom sobre tom
Muito lar não tem mais cara, cara do anfitrião

Com requinte do alto luxo
Para o frio cidadão
Com quinquilharia sem solução
Para o perdido na emoção

Aluga-se
 

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Pequeno Milagre


 

 
Eu me lembro de uma sensação tão bonita
Era uma pequena menina a me acariciar
Suas mãozinhas tão suaves meu rosto a tocar
Naquela tarde amena, no tapete persa da sala, nem vi a noite chegar...
Deitado com a cabeça em seu colo, fui em suas pequenas mãozinhas massinha de modelar
Meu rosto dormido era entretenimento a lhe indagar
E meu sono embalou a cantarolar, não era simples som, era a voz dos anjos na sua boca a soprar
Eram as mãos de Deus feitas as suas a nos agraciar
Pequeno milagre

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Lapa


 
 
 

Salsa e samba
Toda noite é bamba
A moça de saia rodada vem lá do estrangeiro
O sambista é pedreiro, seu pai foi bicheiro, abençoado em terreiro, do Rio de Janeiro
Sorriso no dente, cerveja presente, calor tão ardente
Tudo se mistura, da cor a textura
Dos arcos tão claros, a escada obscura
Malandro? Presente
Mulata? Envolvente
Turista? Residente
Mendigo? Fome aparente
Transex? Tanto cliente
E sambam na noite inteira, que evapora sob a leseira
Que contem os estragos na segunda feira, cheiro de urina sobe a ladeira
Ninguém se olha, nem se mapeia
É samba e feira

sábado, 18 de janeiro de 2014

Demais



Festa-se demais
Cada vez que se tira o extrato do cartão
Cada vez  que os planos nunca começam por falta de motivação
Bebe-se demais
Quando se pensa no preço do pão
Na fila do médico, em uns aos outros tão incapazes de estabelecer uma  relação
Foge-se demais
Para disfarçadamente viver em paz
Boia-se no profundo mar ignorando o tubarão
Compra-se demais, mata-se tempo demais, sai em fotos demais
Sorrisos demais, desconhecidos demais, cascas demais
E a alma sofre mais, e o corpo padece mais
Distancia-se de si cada vez mais