terça-feira, 23 de agosto de 2016

Consumo

Me encontrei como uma xícara de chá vazia e empoeirada pelo tempo
Acho que não me adequei direito a vida moderna
Definitivamente não gosto de ostentar
Não gosto de pertencer, apenas sou
Mas gosto de afeto, de outras pessoas
Como então buscá-las batendo a sua porta, pedindo uma xícara de chá?
E fugir disso que já me consumiu mais não é orgânico... como, por exemplo, não ter mais telefones salvos na agenda do celular porque já falamos via WhatsApp?
É a modernidade sugada pela modernidade, pela comodidade, pela inutilidade
Eu sempre fui medroso, sempre fui...
Preciso de ninho, de cachorro no quintal, mas a anos que vivo sem nada disso
A xícara vazia que achei empoeirada no fundo do velho armário da vida que tive que abandonar, hoje recebeu novo liquido, de água, sal, que escorreu dos meus olhos e transbordou a cor de sua superfície
Límpida, transparente, amarela, preta
e nunca tão vazia.