segunda-feira, 30 de abril de 2012

VAZIO em 3 ATOS




Da paisagem na janela...

A lua vista do meu apartamento é sempre deslumbrante
O retrato perfeito de seus raios refletidos no mar
Num silêncio de moldura que me põe a atormentar
Me sinto preso a este quadro... Lindo e vazio


Do amigo e sua dor...

A falta de conteúdo de novo o adoeceu
Seu remédio não se submeteu
A virilidade não foi capaz de assegurar
Cama não é firmamento, ela precisava dialogar
Vida, ciência, arte... ele não vai se interessar
E mais uma vez não entende
Mais uma vez tenta se matar, lamenta ela não estar
Ele quer casar, e de cama ficar
E se olha de novo no espelho, sem enxergar... Vazio e lindo


Do vazio por si só...

Eletrônicos, bebidas, comidas...
Quando nada mais preenche o que faz falta
E se sabe que é preciso por a alma em pauta
Escutar este "eu"
Surge então o pior pedaço de sentir-se vazio
Encarar o fantasma da própria existência
Nos damos conta que se estamos aqui temos que realizar
Então realizar ou voltar a se ''ocupar''?

As comidas e bebidas ainda estão lá...
Corre, vai te estufar.

...

E talvez nem tão lindo, e nem tão vazio...

2 comentários:

Amanda disse...

Lindo,íncrivel,demais !! Não há palavras para descrever seus poemas,eles são sempre surpreendentes !!

Priscila Lopes Franco disse...

O seu poetar me lembra o grande (em minha modesta opinião) poeta britânico John Keats. Um tom de nostalgia com muita sensibilidade. Muito bom!