sábado, 12 de maio de 2012

Invasão



Invadiu o que era meu, nesse cerco se criou
E pensava que era eu, o motivo dessa flor
Lhe plantei nesse terreno, com adubo a tratei
Muitas vezes do rei sol, minha rota desviei, te dediquei

Retribuiu é bem verdade, em beleza se abria
E de fato nesse tempo era boa companhia
Mas contudo tudo passa, nesse palmo não deu mão
Precisei que tu voltasse pra sua fértil criação

Eis por erro de percurso, ou excesso de adubo
No terreno enraizou, e outra flor enamorou
Das daninhas tão falantes, que queriam nos podar
Hoje em ti vêem qualidades, nesse chão é popular

Era imenso meu alqueire e hoje sinto se cercar
Os segredos do meu pólen, te serviram pra florear
Eu de sol sempre fui feito e liberto em meu lugar
Invadida minha terra, vejo tudo ressecar

E percebo que aqui nunca foi o meu lugar
Pois o mato corre solto, não há nada pra barrar
Jardineiro eu não fui, eu fui flor a me doar
O meu erro mais profundo foi deixar de te podar

O papel de jardineiro, decidi abandonar
Sua beleza escondia os espinhos a afiar
Hoje nada mais eu faço, nada mais a de brotar
Todo fruto que valia, tu vieste me roubar

Tantas flores despedaçaram sob minha plantação
O jardim que eu plantava era feito de ilusão
Pois a flor que é plantada, cria vida e decisão
Decisão nem sempre justa com o pai de criação

Apesar de ter raiz, apesar de algum amor
O jardim que fui feliz, já não tem muito valor
Se contudo que aprendeu, não quiseste desbravar
Desbravador então sou eu, vou nascer em outro lugar

Um comentário:

Priscila Lopes Franco disse...

Um texto rico em metáforas, que nos trás sensação de página virada, mas confiante no que virá posteriormente! Sem muito, fizeste o muito por nossas almas com teu maravilhoso escrito...